domingo, 28 de agosto de 2011

Psicanálise e Toxicomanias

A toxicomania para Hugo Freda é uma das maiores representantes das novas formas do sintoma produzidas pela modernidade, é uma resposta do sujeito ao não querer saber sobre sua divisão, a não querer saber do inconsciente, é uma tentativa de anulá-lo.

Para Pacheco "Ao esquivar-se da causa do desejo, o toxicômano produz, com a droga uma ruptura dos laços com o Outro, o Outro da linguagem, produtor dos efeitos de singularidade que o inconsciente inscreve para o sujeito, esclarecendo-se, desse modo, a segregação do inconsciente como tentativa do toxicômano manter-se segregado do "dizer"."

Como na forma do sintoma a toxicomania apresenta-se como uma ruptura com a lei, uma alternativa ao sintoma, não implicando o sujeito a lidar com a questão fálica, pois esta se dá pela via do gozo do corpo. É um gozo auto-erótico, fazendo surgir um personagem e não um sujeito, o personagem "eu sou um toxicômano, é um sujeito definido por uma prática.

é importante saber qual razão a função da droga para o sujeito, ela pode servir como um não enfrentamento com a angústia da significação fálica, colocando-se no lugar do objeto causa do desejo o objeto do gozo.
A toxicomania opera no sujeito não como fator de estrutura que culmina com o recalcamento ou a floraclusão, mesmo estando presente um sofrimento intolerável para este. Observa-se que esta substitui um elaboração psíquica diante do intolerável.

Lygia Bittencourt enfatiza a dificuldade para o estabelecimento de um diagnóstico de estrutura, pois o sujeito cristaliza-se no significante "sou toxicômano".

O papel da análise ganha importância como trabalho das entrevistas preliminares, com o próprio nome diz trata-se de algo preliminar ao trabalho propriamente dito da análise com o intuito de relançar, recolocar o discurso do sujeito concomintante ao estabelecimento da transferência na relação do sujeito com o analista. O analista adia o início da análise para que as demandas inicialmente apresentadas, sejam realmente ou como diz Lacan, interrogadas.

Por ser constituir em um campo tenso e com outros discursos, o analista deve romper com o discurso médico, com o querer curar o paciente e lançar-se num compasso de espera, de sustenção diante das inúmeras quedas, recidivas, atuações do toxicômano.

O analista tem como trabalho implicar o sujeito na sua queixa, pois comumente este procura a análise porque terceiros demandaram o atendimento, trazendo por traz da demanda alhria já um início do fracasso da onipotência da droga para o sujeito. É necessário inverter o discurso do que quer o outro para mim, para que eu quero para mim, para o que eu sou responsável. Lacan diz de uma retificação subjetiva.

A análise não deve e não é para livrar-se do sintoma, isto pode vir a acontecer como consequência, mas deve possibilitar ao sujeito indagar sobre o porquê desse sintoma, fazendo com que o não querer saber do seu inconsciente possa transformar-se em questão, em enigma. Ela deve por o sujeito a trabalhar em busca dos seus significantes primordiais, tomando uma nova posição diante da palavra.

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