quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O sujeito para a Psicanálise

A psicanálise se ocupa dos processos mentais inconscientes; uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e um método de análise dos motivos do comportamento; de uma doutrina filosófica e um método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica.
Então, qual é o principal objetivo da psicanálise? Podemos dizer que o principal objetivo da psicanálise seria conduzir o sujeito ao encontro com sua própria verdade. O objetivo é tornar o inconsciente, consciente.
Tornar consciente os pensamentos, os sentimentos, as emoções, as fantasias, os sonhos especialmente as experiências traumáticas dolorosas. As vivências internas profundas o que estão no inconsciente. Através da associação livre, técnica que consiste em convocar o sujeito a falar o que sente e pensa livrimentepara o analista sem que seja feito algum julgamento moral por parte do mesmo.
Jacques-Alain Miller, no Seminário do Campo Freudiano sobre as entradas em análise, comentou que "o essencial para abrir o espaço analítico abrir-se e a experiência psicanalítica acontecer, pois não há análise sem sujeito.
A proposta do seminário é a de explorar, o conceito de sujeito. Para a psicanálise o sujeito é aquele que ignora o seu destino ou mesmo o seu desejo e, partindo de uma falta fundamental, ama aquele que supõe responder ao que ele desconhece e o analista ocupa lugar de "grande Outro". Daí concebe o analista como sujeito suposto saber.
Na verdade, o que o sujeito de fato ama é o saber sobre o seu desejo que é, no entanto o que ele ignora. Podemos dizer que o conceito de transferência é o que vai direcionar todo o percurso da análise.
Vejamos: O termo corrente em psicologia, filosofia e lógica. é empregado para designar ora um indivíduo, como alguém que é simultaneamente observador dos outros e observado por eles, ora uma instância com a qual é relacionado um predicado ou um atributo. Em filosofia, desde René Descartes (1596 - 1650) e Immanuel Kant (1724 - 1804) até Edmund Hussel (1859 - 1938), o sujeito é definido como próprio homem enquanto fundamento de seus próprios pensamentos e atos. É, pois, a essência da subjetividade humana, no que ela tem de universal e singular. Nessa acepção, própria da filosofia ocidental, o sujeito é definido como sujeito do conhecimento, do direito ou da consicência, seja essa consciência empírica, transcendental ou fenomênica. (Roudinesco e Plon, 1994, pág. 742)
Temos então um sujeito como um ser de relações (sociais) no mundo (pessoas, objetos), ser singular, ser único, capaz de pensar com criticidade, de raciocinar, de teorizar, de criar, de construir, de produzir, de amar, de odiar, de interagir, etc.
Em psicanálise, Freud empregou o termo, mas somente Jacques Lacan, entre 1950 e 1965, conceitou a noção lógica e filosófica do sujeito no âmbito de sua teoria do significante, tranformando o sujeito da consciência linguístico, enunciou sua concepção da relação do sujeito com o outro significante: "Um significante é aquilo que representa o sujeito para o outro significante". Esse sujeito, segundo Lacan, está submentido ao processo freudiano de clivagem. (do eu). (Roudinesnco e Plon, 1994, pág. 742)
Segundo Elia (2004), "Lacan compreendeu dos textos freudianos, o sujeito só pode ser concebido a partir do campo da linguagem".
Como conceitos fundamentais da psicanálise estão o inconsciente, repetição, pulsão e transferência. Segundo Lacan o inconsciente tinha a estrutura de uma língua. Que antes da linguagem não existe inconsciente.
Concluímos que para Lacan vivemos num mundo de símbolos, de significantes e atruímos valores diferentes as coisas de forma peculiar. Só depois que o sujeito (criança) desenvolve a linguagem se torna um sujeito humano e entra para o mundo social.

Referências Bibliográficas:
ELIA, Luciano. O consciente do Sujeito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
ROUDINESCO, Elisabeth. PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1998.

*Trabalho feito para disciplina "A Noção de Sujeito".

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