segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A pobreza do TER e a estupidez do SER

Análise do capítulo VIII (ter e ser) do livro Filosofia para jovens.
Autora: Teles, Maria Luiza Silveira.
Petrópolis: 9. Ed. Vozes, 1969.


A pobreza do TER e a estupidez do SER

A nossa sociedade de consumo, com seus apelos aquisitivos, possessivos, o TER adquiriu uma importância desmedida e desproporcional. Importância essa que não vem da culpa da estupidez da sociedade, mas sim da soma de mentes individuais que constituem o ponto de partida para todas as tendências positivas ou negativas existentes e reforçadas pela sociedade.

Nenhuma sociedade pôde forçar a Madre Tereza de Calcutá a ser consumista, a ser capitalista, ela e outros seres que compartilham da mesma linha de pensamento, ou de estilo de vida seguem na linha do SER. Eles são taxados de pessoas evoluídas e se mostram imunes ao TER e acreditam nisso, mesmo seguindo organizações como as religiosas ou de qualquer outro tipo que na sua essência o TER prevalece. Organizações que não param de enriquecer com os seres que querem cada vez mais distanciar do TER para evoluir o SER.

O TER está ligado na evolução humana, e a mente humana já está bastante forte para moldar os clichês de seus objetivos e alcançá-los devido ao poder da “mentalização”, da persistência e da inteligência. Mas ainda não forte o suficiente para evitar o desejo primário e egoísta e pensar mais nos outros do que em si mesmo.

Mas porque se preocupar com o SER sendo que as próprias organizações que deviam nos ajudar a evoluir o SER estão mais preocupadas com as suas condições financeiras, estão mais preocupadas em ter mais que as outras, em ser mais forte, em ter poder e decisão no mundo do TER.

Hoje, para ter alguma qualidade de vida nesse mundo você precisa pensar no TER, seguir o TER, mas se você conseguir uma elevada quantidade de bens você certamente será taxado de aquele que não evoluiu o SER, você será vítima daqueles que não conseguiram tanto quanto você ou de alguns poucos que cegos pela evolução do SER não conseguem levar uma vida harmoniosa sem preocuparem com o TER dos outros.

O homem só chegou a tal evolução devido ao TER, à necessidade de imaginar e criar novidades para sustentar o TER. O homem também só conheceu o SER, ou de forma mais certa, criou o SER depois que conheceu o TER. O homem criou o SER para conseguir viver em harmonia com o TER. Daí a pobreza do TER e a estupidez do SER.

Aloisa Abelha

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