quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ética e Psicanálise

Ética e Psicanálise

“Por que articular ética e Psicanálise?” – O título da abordagem feita por Kehl sobre a ética e a psicanálise faz jus às inquietações que acometem aos interessados nos estudos acerca da psicanálise, principalmente, aos que propusemos desenvolver uma pós sobre tal temática.
A psicanálise surge no contexto histórico como questionadora de inúmeros posicionamentos prevalecentes e, podemos afirmar que ainda assim permanece. Portanto, é neste patamar que consideramos o assunto, em uma perspectiva ampla, tal qual importante.
O que pode-se perceber em relação à ética em alguns patamares é uma relação a alguns posicionamentos a serem ou não adotados por certas profissões, sendo assim, estabelecidas por um código. A ética nesta vertente, é aquela que nos remete a um código, como mencionamos, o qual poucos tendem a “decifrar”, transcendendo-se assim ao subjetivo, permanecendo uma via sistemática de regras.
A psicanálise caminha em uma outra via, talvez uma via da contramão (?), ao considerar uma ética distante da qual prevalece como uma configuração de um bem social e individual. Neste sentido Kehl (2002) nos afirma: “[...] a psicanálise interroga o homem contemporâneo no seu desenraizamento – portanto, em suas dimensões indissociáveis de liberdade e conflito É um corpo teórico que só poderia advir com a queda dos poderes e verdade patriarcais ilimitados” (Kehl, 2002, p. 34).
Esta visão nos aponta para a psicanálise como interrogadora de um sujeito nesta falta-a-ser que o acomete e o constitui – um ser de linguagem, que se questiona sobre sua ética e seus conflitos psíquicos. Portanto, não parte de um pressuposto determinante de respostas e condutas direcionadas a um bem.
Sendo assim, não cabe ao analista um discurso explicativo sobre o mal-estar do sujeito que busca a análise e sim questionadora. A ética do ponto de vista analítico parte do patamar de que a clínica é o lócus no qual se configura sua prática. O psicanalista surge da clínica, pois, o mesmo emerge como sendo o produto desta, assim nos aponta Campos (2005) ao afirmar que o psicanalista é “alguém que se dá conta de que algo em sua vida não vai bem e que, provavelmente, ele próprio tem responsabilidade nesse mal-estar”.
Neste viés, a clínica psicanalítica parte do sintoma, o qual, ao contrário de outras práticas, não implica em uma cura, mas e um trabalho analítico em que o sujeito passe a responder a partir deste sintoma, além da repetição.
Portanto, é possível concluirmos que a ética psicanalítica não perpassa por um código, já que, cabe ao analista e ao sujeito analisante uma concepção da ética com base em sua constituição e desenrolar da análise, o que exige uma escolha, de se questionar ainda que, enquadrado em uma normativa profissional e social, sobre o seu desejo.



Referência Bibliográfica




CAMPOS, Robson. A Psicanálise, sim! Revista JTEVÊ, Ano 5, Edição nº 80, Agosto/2005: Governador Valadares – MG.


KEHL, Maria Rita. Por que articular ética e psicanálise? In: _____. Sobre ética e psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.


Nota: Trabalho de grupo.



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